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A Guerra dos Cem Anos: O Conflito Medieval que Redefiniu a Europa

Atualizado: 22 de abr.

A história é repleta de conflitos que mudaram o curso das civilizações, mas poucos foram tão decisivos e duradouros quanto a Guerra dos Cem Anos. Travada entre 1337 e 1453, esta série de batalhas e disputas transformou não apenas os reinos envolvidos,

mas toda a estrutura política e social do continente europeu.

Eduardo III da Inglaterra

Origens do Conflito: Muito Além de uma Simples Disputa Dinástica

Quando o rei Carlos IV da França faleceu em 1328 sem deixar herdeiros homens, criou-se um vácuo de poder que desencadeou um dos conflitos mais longos da história medieval. O trono francês se tornou objeto de disputa entre dois poderosos pretendentes:

  • Eduardo III da Inglaterra, sobrinho de Carlos IV por parte de mãe, que reivindicava direitos hereditários

  • Felipe VI de Valois, primo do falecido rei, que acabou sendo escolhido pela nobreza francesa

Mas engana-se quem pensa que apenas questões sucessórias motivaram esta guerra centenária. As verdadeiras raízes do conflito eram muito mais profundas:

  • Disputas territoriais: A Inglaterra controlava vastos territórios em solo francês, especialmente a região de Aquitânia

  • Rivalidade comercial: Ambos os reinos competiam pelo lucrativo comércio de lã, vinhos e controle de rotas marítimas

  • Ambições expansionistas: Tanto França quanto Inglaterra buscavam consolidar e expandir seu poder na Europa Ocidental

As Três Fases de um Conflito Centenário

1. Dominação Inglesa (1337-1360)

O início da guerra foi marcado por impressionantes vitórias inglesas que chocaram a Europa. A Batalha de Crécy (1346) revelou ao mundo o poder devastador dos arqueiros ingleses equipados com o lendário arco longo, uma arma revolucionária que podia disparar flechas capazes de perfurar armaduras a distâncias impressionantes.

A superioridade tática inglesa continuou com a Batalha de Poitiers (1356), onde o príncipe Eduardo, conhecido como o "Príncipe Negro", não apenas derrotou as forças francesas, mas também capturou o rei João II da França, um golpe devastador para o moral francês.

2. Recuperação Francesa (1360-1415)

Após décadas de derrotas, a França começou a recuperar terreno sob a liderança astuta do rei Carlos V. A estratégia francesa mudou drasticamente:

  • Evitou grandes batalhas campais onde os ingleses tinham vantagem

  • Fortaleceu castelos e cidades para resistir aos ataques

  • Adotou táticas de guerrilha que desgastaram as forças inglesas

3. A Virada Decisiva (1415-1453)

O último período da guerra foi marcado por dramáticas reviravoltas. Após a devastadora derrota francesa em Agincourt (1415), onde o rei Henrique V da Inglaterra derrotou uma força francesa muito superior, a situação parecia perdida para os franceses.

Foi neste momento crítico que surgiu uma das figuras mais extraordinárias da história medieval: Joana d'Arc. Esta jovem camponesa de 17 anos afirmava ter recebido visões divinas ordenando-lhe que liderasse a França à vitória. Em 1429, ela:

  1. Convenceu o príncipe Carlos (futuro Carlos VII) a lhe dar um exército

  2. Libertou a estratégica cidade de Orléans, que estava sob cerco inglês

  3. Revitalizou o espírito nacional francês, transformando uma guerra dinástica em uma luta pela identidade nacional

Mesmo após sua captura e execução pelos borgonheses (aliados dos ingleses) em 1431, o impulso que Joana deu à causa francesa perdurou. A Batalha de Castillon (1453) marcou a vitória definitiva da França e o fim deste longo conflito.

Transformações Profundas: O Legado da Guerra dos Cem Anos

Este extenso conflito deixou marcas permanentes que transcenderam as fronteiras dos países envolvidos:

Impactos Militares

  • Revolução nas táticas de combate: O domínio da cavalaria cedeu lugar à infantaria bem treinada

  • Desenvolvimento da artilharia: Os primeiros canhões eficientes em batalhas campais apareceram neste período

  • Profissionalização dos exércitos: Gradual substituição de forças feudais por soldados profissionais

Transformações Sociais e Políticas

  • Nascimento do sentimento nacional: Tanto franceses quanto ingleses fortaleceram suas identidades nacionais

  • Declínio do feudalismo: O sistema feudal foi severamente enfraquecido

  • Centralização do poder real: Os monarcas ganharam mais autoridade em ambos os reinos

  • Ascensão da burguesia: Com a nobreza enfraquecida, a classe mercante ganhou importância

Avanços Culturais

  • Evolução linguística: O inglês começou a se distanciar do francês, desenvolvendo sua própria identidade

  • Florescimento literário: Autores como Geoffrey Chaucer refletiram as mudanças sociais em suas obras

  • Novas expressões artísticas: A arte passou a retratar temas nacionais e guerreiros

A Guerra que Abriu Caminho para o Mundo Moderno

A Guerra dos Cem Anos não foi apenas um longo conflito territorial - foi um ponto de virada que marcou o fim da Era Medieval e abriu as portas para o mundo moderno. O sistema feudal se enfraqueceu, dando lugar a estados nacionais mais centralizados. A introdução de novas tecnologias militares mudou para sempre a forma de fazer guerra.

Mais do que conquistar territórios, esta guerra definiu identidades que persistem até hoje. A França emergiu como uma nação unificada, enquanto a Inglaterra, após perder seus territórios continentais, voltou-se para o mar, plantando as sementes do que viria a ser seu futuro império marítimo.

Quando você reflete sobre os grandes momentos que moldaram o mundo como o conhecemos hoje, lembre-se que muitos deles têm suas raízes neste conflito centenário que redesenhou o mapa da Europa.


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